Preso no elevador às zero e 20 do dia 1º
Deu meia noite, todos nos cumprimentamos, desejamos tudo de bom, muita sorte e um ano cheio de realizações, fizemos os brindes de praxe, assistimos pela janela da sala o espetáculo deslumbrante dos fogos de artifício montados em balsas na frente da praia de Pitangueiras e nos preparamos para descer, saltar sete ondas e jogar rosas para Iemanjá.
Nada é mais brasileiro e mais tradicional do que isso. Tanto faz a religião do cotidiano, no ano novo joga-se flores para Iemanjá. Afinal, a senhora do mar é poderosa e se se alegra com o presente, tem tudo para ser uma mão na roda ao longo do ano.
Todos calçaram suas sandálias, vestiram suas bermudas, pegaram as rosas e fomos para o hall esperar o elevador.
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Elevador sólido, confiável, firme, com mais de meio século de bons serviços prestados e, além de tudo, bonito, de madeira maciça, há anos nos leva para baixo e para cima sempre com a eficiência esperada.
Mas tem um dia em que dá errado. Falha nossa que não atentamos para a capacidade da máquina: seis pessoas. E entramos oito.
Primeiro, ele subiu até o último andar, depois desceu e parou no primeiro. Quando começou a se mover para o térreo, parou exatamente no meio da parede entre os dois andares. Quer dizer, não tinha como sairmos.
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Tentamos fazer a máquina se mexer, apertamos todos os botões e nada. O jeito foi apertar o alarme e gritar para chamar a atenção do porteiro, isso às zero horas e 20 minutos do dia primeiro de janeiro.
Avisado, o zelador entrou em contato com a empresa que faz a manutenção dos elevadores e eles prometeram chegar em 20 minutos.
Eu duvidei, convencido que não sairia dali antes das duas da manhã.
Em 20 minutos o técnico chegou e em mais 10 consertou o elevador. Parabéns, Águia de Ouro, pela dedicação e eficiência de seus colaboradores.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.