Chuva de gente grande
Pra quem acha que não é assim, as chuvas de verão este ano estão chegando com tudo, entrando de cabeça e fazendo a festa pelas cidades.
No começo, a coisa ficou feia em Minas Gerais e no Espírito Santo, depois entrou no Rio de Janeiro e, quando os paulistas começavam a querer rir, chegou em São Paulo, fazendo cabelo, barba e bigode, na capital e no interior.
Não tem como, todo ano é a mesma coisa. Chove e a chuva leva o que tem na frente, matando, destruindo, cobrando caro a imprevidência do ser humano que insiste em morar onde não deve, como é sabido desde os tempos coloniais, quando as disposições da Câmara da Vila de São Paulo proibiam morar nas várzeas do Tietê e do Pinheiros.
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Já são mais de sessenta mortos nas mais variadas regiões. Poderia ser muito mais, mas até agora as chuvas preferiram encher as cidades em vez de deslizar morro abaixo, arrastando consigo o que tem na frente ou está encima.
É curioso, mas, ano após ano, o discurso é igual. Vamos ver, vamos fazer, vamos tomar providências para não se repetir, etc.
É o bom e velho “me engana que eu gosto”. Todo mundo sabe que de verdade o Governo, em todos os seus níveis, fará muito pouco. É discurso para inglês ver, pegar carona na onda e capitalizar para a eleição que se aproxima.
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Ainda tem muita água com potencial para cair. A letra da música fala das águas de março, mas não é só a música que sabe que elas podem cair com mais força do que nos meses anteriores.
Quem vive em áreas de risco não dorme faz tempo. É assim porque é assim. O problema é que eles estão nas áreas de risco porque não têm outro lugar para ir. Cabe aos governos impedir esse tipo de ocupação.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.