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Chuva de gente grande

 

Pra quem acha que não é assim, as chuvas de verão este ano estão chegando com tudo, entrando de cabeça e fazendo a festa pelas cidades.

No começo, a coisa ficou feia em Minas Gerais e no Espírito Santo, depois entrou no Rio de Janeiro e, quando os paulistas começavam a querer rir, chegou em São Paulo, fazendo cabelo, barba e bigode, na capital e no interior.

Não tem como, todo ano é a mesma coisa. Chove e a chuva leva o que tem na frente, matando, destruindo, cobrando caro a imprevidência do ser humano que insiste em morar onde não deve, como é sabido desde os tempos coloniais, quando as disposições da Câmara da Vila de São Paulo proibiam morar nas várzeas do Tietê e do Pinheiros.

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Já são mais de sessenta mortos nas mais variadas regiões. Poderia ser muito mais, mas até agora as chuvas preferiram encher as cidades em vez de deslizar morro abaixo, arrastando consigo o que tem na frente ou está encima.

É curioso, mas, ano após ano, o discurso é igual. Vamos ver, vamos fazer, vamos tomar providências para não se repetir, etc.

É o bom e velho “me engana que eu gosto”. Todo mundo sabe que de verdade o Governo, em todos os seus níveis, fará muito pouco. É discurso para inglês ver, pegar carona na onda e capitalizar para a eleição que se aproxima.

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Ainda tem muita água com potencial para cair. A letra da música fala das águas de março, mas não é só a música que sabe que elas podem cair com mais força do que nos meses anteriores.

Quem vive em áreas de risco não dorme faz tempo. É assim porque é assim. O problema é que eles estão nas áreas de risco porque não têm outro lugar para ir. Cabe aos governos impedir esse tipo de ocupação.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.