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Orquídeas e margaridas

Ninguém duvida, as orquídeas têm lugar de destaque no longo rol das flores deslumbrantes.

Sejam elas quais forem, as orquídeas se destacam, surgem deslavadamente pretensiosas, convencidas de sua beleza e de sua originalidade.

Nada que não seja normal no alto mundo das vaidades. Que o diga quem mexe com moda, ou passa perto do universo das artes.

É assim, porque é assim. O resto é desculpa para conseguir mais espaço na mídia, ou pelo menos para fazer de conta que barraco só nos morros mal vestidos.

Ao ver as rosas, até as importadas, as orquídeas sorriem superiores, certas de que a comparação é sempre favorável a elas.

O pior é que levam vantagem. Ou pelo menos nos dias de hoje, estão levando vantagem, surfando na onda da moda que as coloca como flores insuperáveis.

Nesse universo de brilho e esplendor, quem além delas teria vez? Não as flores do campo, em seus grandes maços abertos. Nem os cravos, ou as margaridas.

Não. É briga de gente grande. Coisa fina. E se a alternativa não for ao menos exótica, não tem chance nem de mostrar a cara.

É por isso que um vaso com uma violeta roxa, recém aberta a pouco, mal e mal chama atenção de quem anda pela sala ricamente decorada.

Aliás, chama sim. O que aquele vaso singelo, com uma flor sem qualquer expressão está fazendo ali? Será que ele não sabe onde está?

Sabe, a violeta sabe. E é isso que faz a cena mais bela. A violeta sabe que ser simples, no final é o que importa.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.