As ruínas
São Paulo é cruel e fria. Cidade rica e relativamente antiga, cobra preços inacreditáveis para dar ao vitorioso a fama e o sucesso.
E as pessoas pagam. Pagam porque não imaginam a vida como algo diverso da luta diária pelo pão de cada dia.
Não imaginam que possa haver beleza fora do dinheiro ou do que o dinheiro compra.
Não imaginam que a vida se abra em outras oportunidades muito mais ricas do que as contas nos bancos.
São Paulo não perdoa. Recompensa o sucesso, mas cobra o preço brutal do sucesso ser dinâmico. Abre permanentemente a possibilidade de outro também fazer sucesso e ofuscar quem fazia sucesso antes.
A guerra é contínua e sem quartel. Cada um por si e Deus por todos. Seja o que ele quiser. Inclusive se quiser dinheiro, o apóstolo não hesita, joga tudo para cima e deixa ao tirocínio do Senhor pegar aquilo que desejar. O que o Senhor pegar é dele, o que cair de volta é do homem.
Democracia é isso. O resto é são formas mesquinhas de se querer levar vantagem.
Mas São Paulo não para. Em sua dança dramática vai correndo pelo planalto de um lado para o outro, criando a ilusão de que o novo é eterno.
Atrás vão ficando ruínas. Ruínas que foram palácios majestosos. Edifícios deslumbrantes. Centros de decisão que definiram os destinos da nação.
Aqui tudo passa. A cidade não se importa. Tem espaço para seguir em frente. Então, o último limite é apenas mais um limite. Tem sempre um depois que cumpre a conquista.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.