O paliteiro galopante
São Paulo muda de cara todos os dias. Nada que as cidades vivas e dinâmicas não façam, mas a velocidade aqui é alucinante. Foge dos parâmetros normais, ainda que se levando em conta outras metrópoles com as mesmas características.
São Paulo corre feito o diabo da cruz desde o começo de seu começo, quando em 1532 Martim Afonso de Souza subiu a serra da Paranapiacaba e fundou com Câmara e Pelourinho a vila de Piratininga.
Em poucos anos ela se moveu. Foi para o que era a provavelmente a taba de Tibiriçá, e deu na Vila de Santo André da Borda do Campo, feudo e domínio de João Ramalho.
Mas quem sabe, sabe. E por questões de segurança, em 1560, os moradores do planalto se reuniram num único agrupamento, em volta do Colégio dos Jesuítas.
Daí pra frente, com o nome de São Paulo, a vila trilhou seu caminho. Primeiro lentamente, depois mais rápido, até a explosão do século 20, quando foi a cidade que mais crescia no mundo.
O resultado desse movimento constante são as ruínas que ficam para trás e o horizonte tapado por prédios, um ao lado do outro, feito um enorme paliteiro, ou muralha cósmica, destinada a barrar o avanço dos Tupinambás interplanetários, em seus discos voadores em forma de serpente.
Todos os dias surgem novos edifícios. A maioria sem estilo definido, como um bloco sólido apontando o futuro ou a rota do sol. Alguns são lindos, outros muito feios, mas todos querem dizer gente morando ou trabalhando dentro. Milhões de pessoas aglomeradas como formigas, escondidas nos escaninhos de seus cupins.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.