Ritos comuns
Não há nada mais antigo e mais importante que o ritual da refeição em volta do fogo. Alguns estudiosos inclusive colocam o começo da vida em sociedade no momento em que os primeiros seres humanos descobriram o uso do fogo na preparação do alimento e fizeram da refeição comum não apenas uma forma de proteção mútua, mas a celebração do sucesso, e um dos primeiros rituais de agradecimento e comunhão com o divino.
Ao longo do tempo a cerimônia foi se modificando, se sofisticando, mas o que é a “Última Ceia” do Cristo senão a repetição do rito original, de união do grupo e de agradecimento a divindade?
Que gesto pode ser mais belo e mais próximo do que tomar o pão com as mãos e reparti-lo entre os presentes?
E o que pode ser mais antigo e mais marcante do que isso, como forma de reforçar os laços de apoio e solidariedade?
Os romanos deitavam-se à mesa. Outros povos comiam de outras formas, mas todas as culturas sempre deram importância fundamental ao rito de se alimentar em conjunto, de repartir o alimento, para reforçar os laços de união, companheirismo e solidariedade indispensáveis para a vida em comum.
Até hoje o ritual se mantém. Com outra aparência, mas, na essência, exatamente o mesmo, destinado à mesma finalidade de comemorar o sucesso do grupo e garantir sua sobrevivência.
Pare e pense. O que é o bom churrasco de sábado, com todos em volta da churrasqueira, comendo uma bela picanha e bebendo cerveja gelada? Será que não é a comemoração da vida, do sucesso alcançado, da superação dos obstáculos, da amizade e do apoio mútuo?
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.