O Itamarati fechou
É triste, mas o Restaurante Itamarati, no Largo do Ouvidor, depois de décadas como um dos símbolos gastronômicos de São Paulo e um marco na história da advocacia por mais de cinquenta anos, fechou. Fechou e não volta, vítima do Coronavírus e da deterioração brutal do centro da cidade.
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Aberto na segunda metade da década de 1940, o Itamarati, pela localização, pela atmosfera e pela comida, rapidamente se tornou o restaurante dos advogados, na hora do almoço, e o bar dos advogados, no final da tarde.
Foram décadas de história rica em fatos, mais ou menos marcantes, mas, principalmente, de almoços com pratos fartos e reconhecidamente saborosos. Dr. Cássio Costa Carvalho que o diga.
Pode-se dizer que algumas passagens importantes, ou pelo menos interessantes, da história do Brasil e muito dos fatos interessantes da história paulista tiveram seu começo numa das mesas do restaurante.
Ao longo dos anos, o Itamarati foi palco de momentos dramáticos, tristes, alegres, românticos e até de ópera bufa, com a participação de nomes ilustres da vida de São Paulo. Advogados, políticos, poetas, boêmios, nomes conhecidos e anônimos marcaram presença nas mesas do restaurante, deixaram sua lembrança na história e na memória das pessoas, especialmente dos garçons.
Seus garçons eram verdadeiras instituições, amigos, confidentes e às vezes financiadores dos clientes assíduos. Cada um tinha seus clientes fiéis, que sentavam sempre na mesma mesa para serem atendidos por eles.
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Eu comecei a frequentar o Itamarati em 1972 e até há pouco tempo ia lá comer a omelete de queijo, para mim, uma das melhores da cidade.
Com certeza, sem ele a cidade fica mais pobre e o centro mais triste e mais deserto. Descanse em paz, Itamarati. Você é parte da história.
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