O universo não está nem aí
Amanhece e anoitece. Amanhece e anoitece. De noite, o céu tem estrelas; de noite, o céu não tem estrelas; de noite, a lua muda de fase; de dia, o sol brilha e ilumina o mundo.
Pretensão minha dizer “o mundo em volta”. O que eu vejo é uma parte ínfima de um cenário pequeno, encravado num planalto cercado de montanhas, do outro lado de uma serra íngreme, que acaba quase em cima do mar.
Leia também: A natureza sacode a casca
O mundo é muito maior, mais vasto… “se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é meu coração”.
Tanto faz. O sol brilha para todos, mais cedo ou mais tarde. Quando é dia aqui, é noite no Japão. Em comum só a certeza de que, na manhã seguinte, o sol vai brilhar, no Japão e aqui.
A natureza segue seu ritmo, indiferente aos sofrimentos humanos. Ela sabe que não somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Então não perde tempo com esse animalzinho insignificante, recém chegado ao jogo, mas disposto a achar que quem manda é ele.
A prova que ele não é se chama coronavírus. O planeta está de ponta cabeça por causa dele. Não, não é verdade. O planeta está pouco se lixando para ele. É algo natural, que deveria acontecer e que aconteceu.
Dentro da ordem cósmica, não tem nada de novo ou extraordinário. Somos nós que achamos que o planeta está de ponta cabeça.
O sofrimento, a dor, a morte de milhares de seres humanos não comovem o planeta, nem têm qualquer impacto na ordem do universo.
Leia também: As flores não estão nem aí
É assim porque é assim e, se tivermos que desaparecer, vamos desaparecer, como os dinossauros despareceram. Só que não será agora. Neste momento, estamos ameaçados, mas vamos sair desta.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.