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Múmias da Luz

Toda história tem seus mistérios, suas tipicidades que a fazem única e por isso dão um sabor especial a detalhes que lembram muito filme de suspense ou terror.

É o caso do Mosteiro da Luz em São Paulo. Parte museu, parte mosteiro, parte igreja consagrada ao santo paulista São Frei Galvão. Nele as três divisões formam um todo harmonioso e belo, em linhas coloniais retas e simples.

O museu de Arte Sacra é dos mais impressionantes do país. Suas peças mostram a riqueza e a pompa da igreja católica no Brasil, ao longo dos séculos.

O mosteiro até hoje abriga freiras que escolheram se afastar da vida social em nome de uma reclusão deliberada e mais que consentida, escolhida por elas mesmas, dispostas a cortar o contato com o mundo exterior como um ato consciente, uma opção de vida.

Finalmente, a igreja de Frei Galvão é uma capela encantadora, com tábuas largas no chão, paredes de taipa com pé direito alto, e um ar de fora do tempo, como se dentro dela os séculos não houvessem passado e o mundo fosse apenas a pobre realidade de uma pequena vila encravada no alto de um planalto.

Foi lá que encontraram as múmias de duas freiras enterradas provavelmente há 200 anos.

Múmias são normalmente originárias do Egito ou do planalto andino. O Brasil não é pródigo no tema, daí o achado ter algo de inusitado, de história de fantasma ou de mistério.

Quem foram elas? Por que estavam juntas? Quem sabe, um dia, teremos as respostas. Por hora, bastam as múmias.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.