A revolução do povo
Pelas razões mais diversas, a Revolução de 1932 tem sido contada de várias maneiras, muitas delas completamente fora da realidade e distante do que aconteceu em São Paulo a partir da Revolução de 1930 e da forma como o estado foi tratado pela ditadura de Getúlio Vargas.
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São Paulo, naquela época, já era um estado diferente dos demais estados brasileiros. Mais rico, mais industrializado, com uma economia moderna e, principalmente, com outra consciência social, fruto das ideias trazidas pelos imigrantes europeus.
A população discutia e procurava repostas para questões complexas, envolvendo as cadeias de produção e as relações de trabalho. Os primeiros imigrantes, que ao chegarem para trabalhar nas fazendas de café foram tratados quase como escravos, agora eram os vizinhos dos antigos fazendeiros, que também adotaram técnicas modernas de produção no campo, diversificando as lavouras e investindo na pecuária.
As cidades experimentavam um processo de industrialização inédito, acelerado pela parceria entre o capital dos fazendeiros e a capacitação técnica dos imigrantes.
Os casamentos misturaram o antigo e o novo, criando uma sociedade plural, com ampla mobilidade social, que permitiu aos paulistas melhorarem de vida e aos seus filhos, consolidarem os sonhos de igualdade.
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A infraestrutura acompanhava o progresso e escolas, hospitais, moradias decentes, com água e esgoto, passaram a fazer parte da vida. A energia elétrica se espalhava e os jornais e rádios divulgavam a informação necessária para o cidadão saber o que estava acontecendo.
Ao ver suas conquistas ameaçadas, a população do estado se rebelou contra a nova ordem e depois, em 1932, pegou em armas para defender seu modo de vida. O povo obrigou a elite a agir e começar a guerra.
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