Os ipês brancos
Os ipês brancos poderiam ser chamados de cruéis. Afinal, eles entram em cena no mesmo momento que as azaleias e tem gente que acha que isso é de propósito, para atrapalhar o brilho das flores rosas e brancas dos arbustos que crescem encostados nos muros das casas dos anos 1950 e 1960 espalhadas pela cidade.
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As azaleias, este ano, vieram com tudo, dispostas a dar show e estão dando. A florada está deslumbrante! Elas entraram em cena mais cedo, mas entraram fazendo bonito.
Não dá para dizer que vieram a fim de ofuscar os ipês roxos, mas entraram para competir e dividir o olhar de quem as vê e de quem vê as árvores floridas.
O problema das azaleias, se é que se pode chamar de problema, é que elas são apenas elas, enquanto os ipês têm vários primos e cada um chega no momento de cobrir a retaguarda do parente que veio antes.
Agora, são os ipês brancos que estão chegando. Não sei se eles são os mais bonitos, mas, com certeza, são os mais delicados. A florada é suave, tranquila, não só não agride, como passa sensação de paz e de que o mundo é fácil e a vida mansa.
Diz a lenda que quem pode mais chora menos. É verdade, na natureza e entre os seres humanos costuma ser assim. Mas os ipês brancos não são os mais fortes, nem os mais resistentes e, no entanto, sua florada breve é poesia pura e, no instante em que estão floridos, são os mais poderosos.
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Em poucos dias, eles vão ceder a vez para os ipês rosas que já estão se aprontando, como se pode ver com engraçadinhos mais apressados saindo da toca e colocando suas flores como se já fosse a vez deles. Tanto faz, neste momento os ipês brancos estão soberanos, dividindo o pedaço com as azaleias. Sem dúvida, quem ganha com isso somos nós.
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