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Os ipês brancos

 

Os ipês brancos poderiam ser chamados de cruéis. Afinal, eles entram em cena no mesmo momento que as azaleias e tem gente que acha que isso é de propósito, para atrapalhar o brilho das flores rosas e brancas dos arbustos que crescem encostados nos muros das casas dos anos 1950 e 1960 espalhadas pela cidade.

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As azaleias, este ano, vieram com tudo, dispostas a dar show e estão dando. A florada está deslumbrante! Elas entraram em cena mais cedo, mas entraram fazendo bonito.

Não dá para dizer que vieram a fim de ofuscar os ipês roxos, mas entraram para competir e dividir o olhar de quem as vê e de quem vê as árvores floridas.

O problema das azaleias, se é que se pode chamar de problema, é que elas são apenas elas, enquanto os ipês têm vários primos e cada um chega no momento de cobrir a retaguarda do parente que veio antes.

Agora, são os ipês brancos que estão chegando. Não sei se eles são os mais bonitos, mas, com certeza, são os mais delicados. A florada é suave, tranquila, não só não agride, como passa sensação de paz e de que o mundo é fácil e a vida mansa.

Diz a lenda que quem pode mais chora menos. É verdade, na natureza e entre os seres humanos costuma ser assim. Mas os ipês brancos não são os mais fortes, nem os mais resistentes e, no entanto, sua florada breve é poesia pura e, no instante em que estão floridos, são os mais poderosos.

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Em poucos dias, eles vão ceder a vez para os ipês rosas que já estão se aprontando, como se pode ver com engraçadinhos mais apressados saindo da toca e colocando suas flores como se já fosse a vez deles. Tanto faz, neste momento os ipês brancos estão soberanos, dividindo o pedaço com as azaleias. Sem dúvida, quem ganha com isso somos nós.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.