Saudades da Eletropaulo
Ai, que saudades do luar do meu sertão. A lua nasce por detrás da verde mata e clareia a imensidão. Que saudades dum ranchinho beira chão, todo cheio de buraco, onde a lua faz clarão.
Saudade de Matão. De Serra Negra, Lindóia, Águas do Prata. Saudade de São Bento do Sapucaí, de Campos dos Goitacazes, não.
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Saudade do Raso da Catarina, de Diadorim e Riobaldo Tatarana. Do Chapadão do Bugre, Capitão Eucaristo, Sargento Hermenegildo, José de Arimatéia e o Coronel Americão.
Saudade do Saci, da Cuca, da Emília e do Visconde de Sabugosa. Saudade do Onço e do Quindim.
Saudade de tanta saudade que faz parte da minha vida e que me conta uma história gostosa.
Saudade da fazenda da minha mocidade. A energia era fornecida pela Itatibense de Força e Luz, escolha do meu bisavô para agradar um amigo. O serviço era tão ruim que não precisava nem chover, era o céu ficar cinza e faltava energia.
O sonho era mudar pra Light. Mas tinha zoneamento. Então, como a escolha original tinha sido a Itatibense, mesmo estando na divisa, levou anos até a mudança ser feita e a luz da Light brilhar mais forte e mais firme.
Saudade do Guarujá. No apartamento tinha dois lampiões e pacotes de velas para as intercorrências mais comuns do que seria razoável.
Saudade da Alemanha, onde, mesmo nas tempestades mais fortes, com frio de menos 26 graus, a luz não acabava e o telefone funcionava.
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Saudade da Eletropaulo. Pasme! É isso mesmo! Saudade da Eletropaulo, com tudo de ruim e ineficiente que ela tinha.
Já dizia Napoleão Bonaparte: não se preocupe, o que vem depois costuma ser pior.
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