Pelé oitenta anos
Pelé, o craque dos craques, o atleta do século 20, está completando oitenta anos. Pois é, até os deuses envelhecem. O duro é que eu vi Pelé jogar e não foi uma nem duas vezes, e nem no final de sua carreira.
Quando Pelé deslumbrou o mundo, com dezessete anos, desequilibrando os jogos da Copa do Mundo de 1958, eu já tinha nascido, e completei quatro anos de idade dois meses depois. Quer dizer, eu não sou deus e também envelheci.
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Quem viu Pelé jogar, viu. Quem não viu pode ver os filmes em que ele mostra que o futebol é muito mais do que vemos hoje, especialmente no Brasil, onde a arte que fez nossos craques serem os melhores do mundo, e ele o melhor de todos, se transformou num arremedo de pornochanchada sem graça e triste.
Pena que não tem como ver Pelé ao vivo. O gramado, a corrida, o drible, o gol genial. Me lembro do jogo no Estádio do Pacaembu em que o Santos fugiu de campo diante do São Paulo. Pelé apareceu na pequena área e marcou um gol de cabeça inacreditável. Cabeceou a bola a menos de meio metro do chão. Depois começou o pampeiro, o juiz expulsou jogadores do Santos e os demais foram caindo e saindo, até o time ficar sem o número mínimo de jogadores para poder continuar a partida.
Quem assistiu a Copa de Setenta viu Pelé em seu auge. O apogeu do craque quem sabe tenha sido um chute do meio do campo. Ao ver o goleiro adiantado, ele chutou e a bola não entrou porque Deus não quis.
E o que dizer do quarto gol contra a Itália, em que ele soltou a bola como quem não quer nada para Carlos Alberto, que vinha na corrida, encher o pé e marcar o gol, fechando uma jogada de gênio.
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Pelé é eterno porque Pelé transcende qualquer comparação. Quem viu, viu, quem não viu não vai ver mais. Deuses não aparecem todos os dias.
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