A cidade dos bichos
Tem quem duvide, mas é só porque não conhece. Quem mora aqui sabe que São Paulo tem de tudo um pouco, ou muito, como aves, ratos, baratas, pernilongos, onças e capivaras.
Sabiás, bem-te-vis, rolinhas, pombas, tico-ticos, quero-queros, almas de gato, tuins, canarinhos e toda sorte de periquitos dividem os céus e os beirais com gaviões de todos os tamanhos, que se fartam nos sacos lixo, muito mais fáceis de atacar do que as aves voando.
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Quando eu era menino, os pardais e as andorinhas dominavam, soberanos! Não sei o que aconteceu, eles perderam a vez e, se hoje ainda voam pela cidade, é em número muito menos impressionante.
As capivaras são um capítulo à parte. Ratões, os maiores roedores do planeta, as capivaras têm a resistência da raça e se multiplicam nos esgotos do Tietê e do Pinheiros, sem se importarem com a poluição das águas.
E quando encontram um lugar como a raia olímpica da USP, aí é festa e a farra corre solta, com capivarinhas e mais capivarinhas vindo ao mundo, incessantemente, como acontece com as pragas.
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É verdade que os jacarés sentiram a oportunidade e tentaram se estabelecer na região para aproveitar a fartura de caça, mas não deram conta. São sensíveis demais para viverem nas águas poluídas que correm pela Grande São Paulo. E as onças andam pelas beiradas, nos limites do município, o que faz as capivaras não terem inimigos naturais.
Os pernilongos dividem os espaços com as capivaras, mas a convivência é amigável. Tem sangue de sobra nas veias da população para evitar uma briga entre eles. Mas, se eles fazem a festa nos ares, ratos e baratas fazem a festa no chão.
E nós vamos em frente, convencidos que somos os donos do pedaço, cercados por outras formas de vida que se espalham por todos os lados.
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