Ensinando o mundo
Segundo o Presidente da República, que diariamente ensina o mundo a ser um lugar diferente, mas não necessariamente melhor, a indústria farmacêutica é que deveria procurar o Brasil para vender suas vacinas.
É evidente que o Presidente nunca ouviu falar em lei da oferta e da procura. É uma lei parecida com a lei da gravidade, cujas consequências não podem ser alteradas pelos humanos, nem se o Presidente quiser.
Se tem mais gente querendo um produto do que o produto na praça, o preço sobe e o produtor fica numa boa, esperando a turma comprar por um preço mais elevado. Se tiver mais produto do que procura, acontece o contrário e o fabricante tem que fazer mágica, ser criativo e inventar promoções para vender seus produtos.
É só o Presidente olhar para os supermercados e para o bolso dos brasileiros para ter uma aula grátis de como a coisa funciona.
Com a vacina do coronavírus é a mesma coisa. E como tem muito mais gente querendo comprar do que vacina no mercado, não há razão nenhuma para os fabricantes venderem para o Brasil, onde ainda por cima correm o risco de terem suas vacinas desmoralizadas pela falta de tudo que é importante para sua aplicação.
A ordem de grandeza dos pedidos de compra é na casa dos milhões e das centenas de milhões de doses e elas não são suficientes nem para o começo. Então por que perder tempo discutindo com quem não consegue nem comprar seringa para aplicar as vacinas?
O resultado disso é que o Brasil tem pouca vacina. E seria a mesma coisa se tivesse mais, porque o Brasil também não tem seringas, algodão, álcool, geladeiras, freezers, instalações e pessoal treinado para aplicá-las.
Tudo que nós temos é um hipotético especialista em logística que foi guindado a Ministro da Saúde, mas que não sabe nada de nada.
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