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Ensinando o mundo

Segundo o Presidente da República, que diariamente ensina o mundo a ser um lugar diferente, mas não necessariamente melhor, a indústria farmacêutica é que deveria procurar o Brasil para vender suas vacinas.

É evidente que o Presidente nunca ouviu falar em lei da oferta e da procura. É uma lei parecida com a lei da gravidade, cujas consequências não podem ser alteradas pelos humanos, nem se o Presidente quiser.

Se tem mais gente querendo um produto do que o produto na praça, o preço sobe e o produtor fica numa boa, esperando a turma comprar por um preço mais elevado. Se tiver mais produto do que procura, acontece o contrário e o fabricante tem que fazer mágica, ser criativo e inventar promoções para vender seus produtos.

É só o Presidente olhar para os supermercados e para o bolso dos brasileiros para ter uma aula grátis de como a coisa funciona.

Com a vacina do coronavírus é a mesma coisa. E como tem muito mais gente querendo comprar do que vacina no mercado, não há razão nenhuma para os fabricantes venderem para o Brasil, onde ainda por cima correm o risco de terem suas vacinas desmoralizadas pela falta de tudo que é importante para sua aplicação.

A ordem de grandeza dos pedidos de compra é na casa dos milhões e das centenas de milhões de doses e elas não são suficientes nem para o começo. Então por que perder tempo discutindo com quem não consegue nem comprar seringa para aplicar as vacinas?

O resultado disso é que o Brasil tem pouca vacina. E seria a mesma coisa se tivesse mais, porque o Brasil também não tem seringas, algodão, álcool, geladeiras, freezers, instalações e pessoal treinado para aplicá-las.

Tudo que nós temos é um hipotético especialista em logística que foi guindado a Ministro da Saúde, mas que não sabe nada de nada.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.