Uma crônica sobre modéstia
Na sua própria visão, a modéstia é a maior qualidade de Humílde Kleinlinde, professor e profissional liberal, mais bem sucedido na segunda atividade, onde, sem dúvida, é um grande ganhador de dinheiro.
Todos os dias, de manhã cedo, Humílde abre os olhos e pensa: “Se eu sou o mais inteligente dos homens, por que os outros não reconhecem minha capacidade?” E Humílde tem o primeiro desgosto do dia.
O orgulho do profissional é contar para todos que ganhou tanto dinheiro que alugou um apartamento em Bogotá, onde passa as férias de verão, de acordo com o calendário europeu. E completa: “Eu passo as férias de verão, mas também vou mais duas ou três vezes por ano”.
O Dr. Kleinlinde tem clientela seleta, gente poderosa, grandes empresas, que lhe enchem os bolsos regularmente e lhe dão tranquilidade para viver muito bem, obrigado.
Mas se ele ganha dinheiro, de outro lado tem frustrações, como sua modéstia – que afirma que ele é o homem mais inteligente do mundo – ser contestada pelos amigos que sabem um pouco da sua história e das derrotas na política, na vida acadêmica, nos clubes e agremiações.
O Dr. Kleinlinde é prepotente. Do alto de sua arrogância olha o mundo de binóculos, distante da mediocridade humana, sentado no seu Everest de sorvete, que derrete e que ele reconstrói diariamente, depois que acorda e tem seu primeiro desgosto.
A vida poderia ser bela. Mas não é. O Dr. Kleinlinde tem quase tudo que o dinheiro pode comprar, mas não tem paz, alegria ou felicidade. Ele tem inveja e inveja mata. Pior, além de inveja, o professor tem ciúme e não perdoa os que brilham mais do que ele na carreira universitária. Ah, o cinza dolorido dos dias azuis em que o professor sofre de úlcera de estômago porque não suporta o sucesso alheio…
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.