Que saudades
Que saudade de quando eu tinha 20 anos e viver era fácil e ser feliz uma possibilidade real, que nós conseguíamos fazer ficar distante, criando um sofrimento muito relativo, nas ilusões que faziam a vida complicada, quando de verdade ela era simples como um beijo de manhã.
Que saudade do tempo que a dor e o sofrimento batiam muito de leve, e a falta de tanta coisa que vamos perdendo ao longo da vida ainda mal e mal se fazia sentir.
Que saudade dos pores do sol onde a filosofia da juventude dava um sentido mágico para a aventura da vida. Onde o amanhecer era a possibilidade do encontro do amor, numa praia deserta, numa montanha encantada, nos braços da mulher amada.
Que saudade do tempo que via você andando na rua e sorria maravilhado com tua beleza e juventude, balançando teus longos cabelos como se o vento passando te contasse os segredos dos anjos e você sorrisse porque era parte deles.
Que saudade da época em que as saudades se resumiam a apenas alguns meses, viajando pelas quebradas do mundo. Que saudade da descoberta do planeta, do encanto de outras terras e a maravilha do Brasil com toda sua beleza.
Que saudade das ondas morrendo nas praias, quando as praias eram nossas e ninguém atrapalhava o sonho, que se fazia constantemente realidade, como se os romances dos filmes fossem a nossa eterna rotina.
Que saudade do tempo em que o futuro era alguma coisa distante, embaçada pela névoa do desconhecimento da vida.
Que saudade que a aventura de viver traz consigo, dando pro tempo em que a vida era todas as possibilidades a certeza do final feliz.
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