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Porque a cidade inunda

 

Até uma criança sabe, São Paulo inunda porque chove. Até aí não é preciso ser gênio, nem gastar tempo de rádio. Se não chovesse, São Paulo não inundaria.

São Paulo sempre inundou. Ou melhor, parte das periferias da vila original inundava porque era a várzea dos rios que a cercavam. Todos os três, Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, sempre inundaram e não perderam o hábito com o passar dos séculos e o crescimento da metrópole.

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Na época da colônia, era proibido construir nas várzeas. A razão eram as inundações, não diretamente responsáveis pela interdição, mas responsáveis pelas doenças e pragas que o povo acreditava que nasciam nas várzeas submersas e que justificavam a proibição.

Com o crescimento da cidade e a chegada dos imigrantes, as várzeas passaram a ser cobiçadas pelo potencial de negócio que seus terrenos muito baratos ofereciam. Elas eram perfeitas para se criarem os bairros para os novos habitantes.

Na sequência, as várzeas do Pinheiros se transformaram em bairros de ricos. Só que nunca perderam a condição de várzea e, por isso mesmo, nunca perderam seu potencial de alagamento.

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Assim, não tem mágica, nem forma de fazer algumas áreas de São Paulo não inundarem, mas tem jeito de minimizar o impacto das chuvas na cidade.

A melhor e mais eficiente é manter a rede de bueiros limpa. Infelizmente, falar é uma coisa e fazer é outra. É passar pelas ruas cobertas de água tempos depois das chuvas fortes e rápidas que caem nesta época do ano para se ter certeza de que a água continua empoçada porque os bueiros estão entupidos e isso é responsabilidade da prefeitura, que não faz a lição de casa. Como se o problema não fosse dela…

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.