O alinhamento dos planetas
A cada doze anos os planetas se alinham. Ou qualquer coisa assim. É tempo e variável para os estudiosos dos fenômenos dos astros. Sejam astrólogos, sejam astrônomos, ambos têm interesse no comportamento dos astros, no desenvolvimento dos desenhos estrelares, nas manchas do sol, na idade dos cometas e em suas rotas.
Para mim vale muito mais a lua e suas fases, misteriosas como o humor das mulheres, como o movimento das marés.
É a lua quem me conta as novidades celestes e o interesse dela vai muito além das regras da astrofísica, ou da convergência dos sóis no infinito das galáxias.
De concreto, o alinhamento dos planetas, para mim, marca apenas uma enorme saudade da saudade que já não sinto.
Se é bom, se é ruim, só o tempo dirá, porque o tempo não se importa com o alinhamento dos planetas para decidir sobre a felicidade dos homens.
Para o tempo, importa o passado feito eternamente presente. Se só o futuro pode ser perdido, que importância tem aquilo que ainda não é e que poderá não ser nunca?
Para mim também, o que é o futuro senão uma foto ainda não revelada, do sonho só pressentido?
Se os planetas estão alinhados, ótimo, é mais bonito um céu alinhado, que só se repete a cada 12 anos, do que o céu diariamente encoberto de uma cidade grande, cinza e sem graça.
Se não estão, como acontece na maior parte do tempo, bom do mesmo jeito, porque minha preocupação, ao contrário dos astrônomos e astrólogos, não é o céu, nem a geometria dos astros.
Eles servem para fazer a vida mais bela, despertar a poesia e acertar a hora dos relógios cósmicos que batem no peito de cada pessoa. Mas o que eu quero agora é matar a sede de tua presença, num abraço do tamanho do mar.
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