Depois da pandemia
Será que depois da pandemia São Paulo será igual à cidade que existia antes? É da natureza da cidade mudar constantemente, desde o começo dos tempos, quando índios tupis dividiam os espaços do planalto com poucos brancos e alguns padres.
Foi assim que São Paulo surgiu, da miscigenação entre portugueses e índios. Terra de mamelucos, onde, até o final do século 18, dentro das casas se falava a língua geral, tupi-guarani, porque as mulheres eram índias.
Português, só nas atas da Câmara. Do litoral ao Paraguai, descendo para os campos de Curitiba, o imenso território da Capitania de São Paulo, antiga São Vicente, tinha poucas mulheres brancas. Afinal, que mulher em seu juízo sairia da Europa numa longa viagem através do Atlântico, para, chegando no Brasil, subir mil metros de pirambeira? Melhor Olinda, Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
Durante séculos, a pequena vila de beira de sertão foi apenas uma pequena vila de beira de sertão. Em 1876, tinha pouco mais de 20 mil habitantes. O pulo veio logo depois. Em 1920, já eram mais de 700 mil e daí pra frente não parou mais, até os 11 milhões atuais.
Por isso a pergunta: como será a cidade depois da pandemia? Vai crescer, vai diminuir, mudar o foco, seguir em frente, fazer curva, abrir espaço para outros horizontes?
Quem viver verá. Entre mudar muito e mudar pouco, o mais provável é que fique na segunda linha. Gente é gente e a cidade é feita por gente. As pessoas não gostam de grandes mudanças. O lógico é a cidade se humanizar, mas não muito.
Sua marca é a mobilidade. É de se esperar que siga em frente, engolindo o planalto. Só não está claro o como.
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