Pelos campos e montanhas
Jules Martin traçou o viaduto ligando os dois lados da cidade. Mas antes disso o Arouche já tinha um largo que depois foi deixado em herança para o filho que o novo proprietário não gostava muito, porque o predileto ganhou uma mobília linda, que na época valia muito mais.
Era outro tempo, com outros valores e outros costumes. Mas pensar que uma mobília valia mais do que o largo do Arouche dá a dimensão da cidade de São Paulo no final do século 19, começo do século 20.
Nessa época o Senhor Bouchard desenvolveu e implantou os Campos Elíseos, e, depois, Higienópolis, dois bairros aristocráticos, que perderam o lugar para a Avenida Paulista, onde morava o Dr. Horácio Sabino, marido de dona América, que deu o nome da mulher para o Jardim América, a primeira empreitada da Cia. City em solos paulistanos.
Em volta cresceram os jardins Europa, Paulista e Paulistano, mas a City mudava de rumo e criou no vale onde meu pai caçava passarinhos, o bairro do Pacaembu.
O Jóquei Clube, hoje na beira da Marginal, não foi mais do que a forma encontrada pelo Dr. Horácio Sabino e o Dr. Ruy Prado Mendonça para valorizarem o lado de lá do rio Pinheiros, onde o primeiro era dono de Cidade Jardim e o segundo de uma ampla área do Morumbi.
E vieram o Itaim Bibi, o Alto de Pinheiros, o Alto da Lapa e o Butantã.
Mas a cidade também cresceu para os outros lados e poucas regiões têm os imóveis do Jardim Anália Franco, do Tatuapé e de Santana.
E assim São Paulo vai em frente, tocada por empreendedores que acreditam no potencial quase inesgotável da cidade gerar riquezas e melhores condições de vida para sua população. Se em algum lugar do mundo os construtores estão sempre na frente, com certeza é aqui.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.