Cruzamentos
A rua Wisard cruza a rua Fradique Coutinho. Qual a relação entre o mágico e o bandeirante que justifica este encontro numa esquina perdida da Vila Madalena? Será a saga da bandeira desvendando os mistérios do sertão e arrancando as lendas do fundo das matas? Será o inefável no peito do bandeirante deslumbrado com a partida? Será a volta?
Mas noutra esquina o bandeirante encontra Aspicuelta, e o jesuíta destemido e o lugar tenente de Fernão Dias têm a eternidade dos cruzamentos para discutirem os direitos de uns e de outros sobre os índios descidos da região do Guairá.
Mais adiante o mágico encontra a Harmonia. Final lógico de uma busca incessante, numa encruzilhada perdida num bairro perdido na enorme cidade.
E a Harmonia sobe e desce para cruzar o rumo de Aspicuelta, na direção cemitério, trazendo de volta a certeza da paz, e o equilíbrio cósmico.
Vila Madalena das casas pequenas onde as pessoas se sentavam nas calçadas para verem a vida passar, falando dela como de um enorme rio, onde tanta gente se perdeu, onde tanta gente sumiu, onde tantas cruzes ficaram nas margens, porque tanta vida passou.
Hoje sobra pouco do bairro simples de 30 anos atrás. Alguns sobrados continuam com suas costureiras. Um ou outro empório ainda vende fiado. Umas oficinas insistem em sobreviver.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.