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Os Ipês Brancos

Os ipês brancos são os mais delicados, os mais sensíveis e os mais breves na longa série de floradas dos ipês de todos os tipos. Os ipês roxos são resistentes, longevos, a florada se estende por semanas, enfeitando as ruas e praças da cidade, plantados nos locais mais inusitados, como nos parques dos cemitérios, onde prestam todos os anos uma sublime homenagem aos mortos enterrados no campo santo.

Os ipês amarelos ainda não chegaram, mas são a homenagem viva aos bandeirantes que, séculos atrás, arrancaram o Brasil das matas, criaram uma extensa rede de comunicação do Rio Grande do Sul ao Pará, abriram caminhos pelo sertão, povoaram o interior e formaram uma nova raça, mistura de brancos de todas as origens com os ameríndios de diferentes etnias, que fez com que a língua geral fosse falada nas casas paulistas até o final do século 18.

O amarelo de suas flores homenageia as minas de ouro descobertas pelos bandeirantes, as mais ricas da terra, que financiaram a revolução industrial inglesa e, como consequência, levaram ao fim da escravidão.

Os ipês rosas entram em cena com a missão de serem belos, mas, para mim, vão além! Entram em cena para ofuscar o brilho da florada dos jacarandás mimosos que, por serem tão especiais, foram levados para Portugal, com a missão de enfeitarem as ruas de Lisboa.

Os ipês brancos não têm essa riqueza de histórias, nem casos especiais, nem ocupam espaço mais relevante na longa cadeia hierárquica das árvores brasileiras.

Mas sua florada é deslumbrante! É delicada e, quando carrega de verdade, faz a árvore ser marco na paisagem, ponto de poesia que fala da beleza dos dias, da generosidade dos braços estendidos e do encontro dos olhos que se atraem feito imãs. Os ipês brancos são um hino à vida!

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.