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Adeus Sérgio Mamberti

Ter amigos faz a diferença. Nesta vida, um bom amigo é um tesouro mais rico do que pedras preciosas, dinheiro ou bilhete de loteria. Um amigo não tem preço, bate todas as altas da Bolsa, ganha dos títulos do governo e da inflação causada pelo desgoverno.

Eu tenho sorte. Eu tenho amigos. O duro é que os amigos às vezes morrem. Eu considero a morte de um amigo uma traição. Um amigo não tem o direito de morrer. É como o flanco direito que, ao ver o inimigo no campo de batalha, foge e deixa o centro desguarnecido, vulnerável.

A morte de um amigo deixa teu flanco vulnerável, deixa você vulnerável, sujeito às tempestades e sem ter o porto para onde correr.

Meu amigo Sérgio Mamberti morreu. Aos oitenta e dois anos de idade, ele decidiu que era hora de sair de cena. O último ato foi o lançamento de seu livro. Depois disso, as contas estavam pagas, era hora do bar fechar as portas. Foi o que ele fez, alçou voo para a eternidade.

Serginho era meu amigo há cinquenta anos. Curiosamente eu sei disso com exatidão porque nós ficamos amigos quando eu tinha meu Opala 2500, verde amazonas, 1971. Com ele viajávamos para Parati na época em que as estradas eram de terra e viravam lamaçais nos meses de verão. O carro rodava com correntes nas rodas de trás para tentar não encalhar. Foi uma época mágica, com histórias maravilhosas, em lugares deslumbrantes. E amigos próximos.

Daí pra frente nossa amizade sempre cresceu. Sólida, tranquila, leal.

Ao longo dos anos, aprendi a conhecer Sérgio Mamberti. Aprendi a interagir com o ser humano calmo, de olhar limpo, alma boa e uma enorme generosidade. Aprendi a respeitar o grande ator, o homem público e o homem em casa. Acima de tudo, tive um grande amigo. Descanse em paz, meu querido amigo. A partir de agora, o palco do céu é o seu universo.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.