A cidade e seu passado

São Paulo é brutal, não perdoa, avança sem se preocupar com o passado e segue em frente, sempre em frente, para todos os lados do grande planalto que ela ocupa diuturnamente, desde sua fundação em 1532.

O limite é a falta de limites, a expansão caótica, mas ordenada pelas trilhas e pelos campos que acompanham seus rios e margeiam seus vales. Para todos os lados, a cidade segue célere. Avança, para um pouco, mas nunca recua. Segue em frente porque este é seu destino e os carmas precisam ser cumpridos.

São Paulo derruba rapidamente tudo que não serve mais ao momento presente. A cidade é um hino ao presente, cantando o amanhã que chega rapidamente, nas ruas abertas, nas avenidas que se formam sem aviso, nos loteamentos que ocupam áreas protegidas e nos prédios que mudam a cara dos bairros.

São Paulo é múltipla e única, cada pedaço tem seu momento e esta é sua história. A cidade se reinventa, muda de cara, segue outra vertente, sempre incontrolável e muito mais rápida que qualquer capacidade de planejamento.

Ninguém sabe onde ficava Piratininga, ninguém sabe onde ficava Santo André da Borda do Campo. O primeiro marco é o Pátio do Colégio, mas o Mosteiro de São Bento não tem nada da capelinha original, nem o Largo de São Francisco guarda semelhança com o passado.

O Itaim-Bibi era um bairro industrial, o Brooklin era feito de pequenas casas geminadas, Moema e a região da Berrini também.

Agora, os prédios sobem e se espalham ao longo da Avenida Rebouças. Edifícios enormes, altos, como se fossem erguidos para descobrir no horizonte o passado que a cidade esqueceu.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.