A lua
A lua é um astro sem luz própria, 49 vezes menor do que a Terra, ligada ao planeta pelo equilíbrio precário de uma órbita baseada na lei da gravidade.
É um astro pequeno. Um satélite. Um asteroide grande que resolveu jogar âncora e parar num pedacinho de céu, mais manso e sossegado do que maior parte do universo.
Provavelmente estava cansada de correr de um lado para o outro, brincando de pegador com outros asteroides alucinados que ainda voam desesperados, como os desajustados da Terra.
Quem sabe fosse medrosa e tivesse medo de errar numa curva do caminho e se espatifar de encontro a um planeta qualquer, para ficar para o resto da eternidade como uma enorme cratera, ou uma marca de catapora, gravada para sempre na crosta dura onde se fundiria.
Desde 1.969 a lua tem marcadas em sua poeira estéril as pegadas do ser humano, ávido dos sonhos que já não encontra no planeta e pelos quais está disposto a pagar todos os preços.
Mas a lua também é mais. É ela quem controla as marés e dá o ritmo do humor das mulheres, garantindo a perpetuação da espécie, com certeza sem saber o risco enorme que isto representa.
E apesar disso é cientificamente definida como um astro morto…
Que bobagem!
A lua é a vida renascida a cada mês, depois de cumprir seus quatro ciclos. É a possibilidade de todos os sonhos refletidos em seu brilho noturno, como um enorme quebra cabeça onde cada um tem uma parte. É a mãe da esperança e por isso é feminina e cheia de mistérios, porque só há esperança onde vive o mistério.
A lua cheia é a poesia de Deus revelada de noite aos homens de boa vontade.
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