Parece que a pandemia acabou
São Paulo voltou ao que era. Não tem mais pandemia, não tem coronavírus, nem Covid19. Ou não deveria ter. Acontece que tem e os números não são bons. Ou melhor, voltam a piorar.
O Brasil tem mais de seiscentos mortos por dia e o Ministério da Saúde, em mais uma ação com foco na falta de critério, ou melhor, na falta de comiseração diante da tragédia, vergonha na cara e falta de profissionalismo, anuncia que os jovens não devem ser vacinados.
É o samba da Margarida maluca. Pisca de cá, pisca de lá e o mundo, que nunca foi cor de rosa, surge exuberantemente pink, como se o Gala Met fosse aqui e durasse todas as noites, em ritmo de carnaval, sete dias por semana, até depois do Natal.
São Paulo está lotada. Os restaurantes estão lotados e não aceitam reservas, outros até poderiam aceitar, mas o telefone informa que não pode completar a ligação e pede para chamar mais tarde, o que dá na mesma porque a ligação continua sem completar, mas o problema só será resolvido no dia seguinte.
A festa é ampla, geral e irrestrita. Gente de todos os quadrantes, tribos, origens, times de futebol e religião se mistura numa boa, comemorando a vida que retorna depois de mais de um ano e meio trancados em casa.
Não é hora de pensar no ruim, nem que a morte segue cobrando seu preço de centenas de brasileiros todos os dias. Todas as noites, milhares de pessoas brindam à vida que renasce, meio bamba, trêmula, sem certeza se veio pra ficar, mas que empurra pra frente e joga para o alto porque o jogo é de taça.
Chora menos quem se diverte mais. O grito explode e toma a noite, tentando expulsar a pandemia. Sai capeta, que a noite é nossa!
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