Musical
Eu te amo. Te amo como respiro, automaticamente e sem perceber, mas de forma essencial, como o ar que entra em meus pulmões e revigora meu sangue.
Te amo como o ar que respiro e que às vezes insisto em sentir, inspirando profundamente para que desça por minha garganta e se espalhe pelo meu corpo, arrepiando a carne e limpando a alma, até eu me sentir parte do universo, entendendo as mensagens cósmicas que correm em minhas veias.
Te amo como a música do vento, ou a sinfonia das ondas quebrando nas praias que alargam os horizontes das ilhas.
Te amo com a intensidade de um solo de violino num concerto para violino e orquestra de Mozart.
Te amo como o instrumento se sobrepõe à orquestra, como o instrumento fala com a orquestra e a convence…
Mas te amo também com a nostalgia de um noturno de Chopin. Com a sensação de paraíso perdido e de tempo passando ao longo da noite, sentindo a saudade dos momentos que poderiam ter sido, mas que nunca serão, mesmo com nosso amor sendo infinito.
Te amo com a exuberância da explosão da orquestra no final de um crescendo da Heroica. Com a cumplicidade dos cem instrumentos falando a mesma língua e se completando, alternadamente e em conjunto, ao ritmo da música que cresce, até explodir como a luz de um meio dia de verão nos olhos que acabam de se abrir.
Mas te amo também com a sacralidade de uma missa de Bach. Com o etéreo e o inefável dos acordes do órgão enchendo a nave de uma catedral gótica e fazendo a eternidade de Deus se espalhar pela igreja, plena e presente nos corpos e nas almas.
Te amo como contraponto. Como o canto de um pintassilgo, ou o chamado de um nhambu, piando no fim da tarde.
Eu te amo…te amo tanto que até sem palavras, você sabe que meu amor tem a constância da lua e o brilho do sol.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.