Quem sou eu?

Eu não sei como o céu escreve seus desígnios. Afinal, quem sou eu para sabe-lo? O céu é grande demais e eu sou muito pequeno. É por isso que eu não tenho como entender os desígnios do céu, ele sabe muito mais porque ele não tem idade.

Mas, se eu não tenho como entende-lo, tenho como observar as coisas para concluir que o acaso existe, mas não é acaso, é um desígnio além da nossa compreensão, que por isso vira acaso.

Na ordem universal e na sincronia do cosmos as coisas acontecem seguindo uma ordem lógica e perfeita, que se sobrepõe a qualquer vontade e a todos os desejos, exceto os desígnios de Deus.

Cabe a ele dentro de sua essência infinita e eterna definir as regras do mundo. Só ele sabe de cada de detalhe e de cada cisco perdido nos confins das galáxias; só ele é parte do brilho de cada estrela e da voracidade dos buracos negros.

Só ele cruza o céu nas caudas dos cometas e nos ventos que empurram os planetas.

Só ele brilha nas estrelas mortas há milhões de anos, cujo brilho chega até nós só agora, contando de dinossauros que vivam em planetas do outro lado do universo, em vias lácteas criadas pelas brumas de seus sonhos.

Quem sou eu para entender os seus desígnios, quem sou para saber de suas vontades?

Ele é o criador e a criatura, ele vive em mim e em todos nós. Ele é a alma de todas as coisas, vivas e não vivas.

Ele, só ele, sabe porque as mãos não se unem, ou porque os olhos se afastam.

Ele, somente ele sabe porque os olhos se unem e as mãos se aproximam.

Quem sou eu, quem somo nós, para tentarmos entender seja lá o que for da dança sideral que une os mundos e permite os vácuos, até o encontro das paralelas no final do horizonte?

Não, isso só cabe a ele, porque só ele é Deus.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.