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Jabuticaba ou Pitanga?

Bom é comer jabuticaba no pé. Não, melhor ainda é comer pitanga no pé. Será? Não tenho certeza. Jabuticaba é jabuticaba e pitanga é pitanga. Não sei se tem uma melhor. São diferentes e a diferença pode fazer alguém gostar mais de uma ou de outra.

Jabuticaba é mais amável ao paladar. A pitanga é mais picante. Mas as duas são muito gostosas e, comidas no pé, ficam melhor ainda. Eu gosto de pitanga e gosto de jabuticaba e não acho uma melhor ou outra melhor. Cada uma no seu estilo é muito boa e vale a aventura de comê-las catando da árvore, o que dá um gosto melhor ainda, com tempero de lembrança da infância, quando, na fazenda, eu comia as duas no pé.

Na casa dos meus pais, no Pacaembu, tinha duas jabuticabeiras que meu pai tratava com todo o capricho, mas que eu não me lembro de terem dado jabuticaba. Também tinha dois abacateiros e uma ameixeira que carregava pra ninguém colocar defeito.

Minha casa tem pitanga e jabuticaba e é muito bom sair no jardim, nesta época do ano, e comer as frutinhas colhidas diretamente da árvore. Fruta colhida no pé tem outro gosto. Deve ter muito de psicológico na afirmação, mas a fruta da árvore de casa é invariavelmente melhor do que fruta da feira e sempre muito melhor do que a fruta do supermercado.

Também tem as frutas dos caminhões parados nas esquinas, com a carroceria cheia de caixas, sempre com laranja e a fruta da estação. O abacaxi desses caminhões costuma ser insuperável, mas o tema hoje são as pitangas e as jabuticabas, em fim de safra, com as árvores ficando vazias e as calçadas cobertas de frutas espalhadas em volta.

São Paulo é uma cidade fascinante. Não é em todo lugar que você come fruta no pé, inclusive catadas nas árvores das ruas.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.