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As orcas atacam

Nos distantes anos de 1960 e 1970, nas conversas de noite, sentados na popa do Adriana, o troller de tio Caco, ele contava histórias de ataques de grandes tintureiras – o tubarão tigre – a canoas de caiçaras no Canal de São Sebastião. Os peixes batiam com seus grandes corpos e mordiam o casco das canoas, tentando virá-las.

Tio Caco, antigo e competente pescador, profundo conhecedor de barcos e do litoral paulista, afirmava que mais de um caiçara perdeu a vida nas águas traiçoeiras do canal, mas ele não sabia quantos tinham sido realmente atacados por tubarões e quantos tinham morrido por mudança do tempo ou por excesso de cana.

Não é inédito, histórias de ataques de tubarão permeiam a vida das comunidades litorâneas de todas as partes do mundo. Estados Unidos, Itália, Taiti, Ilhas do Caribe, Mar da Arábia, México, Australia, etc. têm testemunhos escritos, testemunhas vivas e filmes desses ataques para confirmar que eles sempre aconteceram.

O que eu ainda não tinha ouvido falar é do ataque de baleias orcas contra veleiros oceânicos, ainda mais próximo da costa de Portugal, local de água mais quente, portanto, fora da rota normal das baleias assassinas.

No entanto, um destes ataques aconteceu e aconteceu recentemente, quando o veleiro de um casal brasileiro, chegando na costa portuguesa, foi atacado por pelo menos duas orcas, que danificaram o leme do barco, deixando-o à deriva numa área de grande tráfego marítimo, até ser resgatado e rebocado por um pesqueiro que foi em seu socorro.

De acordo com as autoridades portuguesas, esses ataques estão acontecendo com alguma frequência. Ainda não se sabe o porquê, mas, com certeza, para os tripulantes dos barcos atacados, devem ser apavorantes e mostram que os animais estão mudando de comportamento.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.