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A igreja de Santa Terezinha

A igreja de Santa Terezinha não é antiga, nem bonita, nem importante para a vida da cidade.

Igreja de bairro, ela fica na rua Maranhão, em Higienópolis, e parece muito mais uma igreja de cidade do interior do que uma importante igreja urbana, o que, aliás, ela não é.

A igreja de Santa Terezinha adquiriu relevância pelas obras sociais que promoveu e promove. Nela, desamparados da sorte encontram um mínimo de apoio, que pode ser conferido nas filas de moradores de rua próximas de suas portas.

Mas, quem sabe, ainda mais importante, foi nela que nasceu um serviço, na época único na cidade, que foi a creche para os filhos de portadores de hanseaníase.

Hoje, ninguém fala nisso, mas São Paulo, na primeira metade do século tinha um número incrivelmente alto de pessoas atacadas por esta doença, que, desde os tempos bíblicos, sempre foi um estigma para o seu portador.

Imagine os filhos dessa gente. Que chance eles tinham? Quem olharia por eles, enquanto seus pais estivessem internados nos leprosários?

Foi pensando nisso que, com a ajuda de várias senhoras, a maioria moradora do bairro, a igreja de Santa Terezinha passou a atender e receber essas crianças, dando-lhes o apoio indispensável para terem uma chance na vida.

Mas a igreja também tem seus méritos arquitetônicos e, pelo menos para mim, que quando vi pela primeira vez era pequeno, o mais fantástico é um alçapão no teto, que se abre para dele caírem pétalas de flores durante as cerimônias de casamento.

Mas se a igreja tem grandes méritos no atendimento aos mais necessitados, ela peca ao trancar suas portas vária horas por dia, impedindo que os que buscam Deus possam encontrar conforto no seu interior.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.