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Todo encanto do primeiro amor

Quem não se lembra do encanto do primeiro amor? Da magia do descobrimento, da sensação estranha que sem razão, diante da pessoa amada, toma conta do corpo, da vontade de dizer…mas o que?

O primeiro amor é mágico. Nele a vida começa a se realizar, como uma flor que se abre e descobre o sol, e sente a chuva, e sente o frio do vento, e tem medo do escuro da noite.

Nele o encontro é como a lua cheia que se debruça sobre o mar e reflete na água todos os segredos, e cada sonho, e toda a vontade que de tão grande só pode ser expressa sem palavras.

(Não é culpa da gente se a gente não sabe definir o que sente, nem porque sente aquilo que sente – um frio que nasce em algum lugar bem no fundo da alma e que avança pelo corpo e arrepia.)

O primeiro amor tem gosto de mistério, sabor de aventura e certeza de final feliz.

Antes dele a gente não sabe da vida, nem que os finais podem ser felizes mesmo quando, na hora em que acontecem, doem.

O primeiro amor traz no seu bojo o sorriso e a lágrima, que invertem a ordem, e por isso ecoa quando seria hora do silêncio e escorre junto com o riso.

Seu encanto são todos os mistérios das sensações e dos momentos únicos, que se reptem, sempre únicos, porque cada momento tem vida própria e história, que a gente lembra e repete, e repete, mais tarde, sozinho, no escuro do quarto.

O primeiro amor é sempre infinito… enquanto dura.

E a graça do mundo – que só fica engraçada muito tempo depois – é que o primeiro amor, que não será nunca esquecido, e que sendo bom será sempre bom e nos fará melhor, de repente, acaba, e a gente se separa sem sequer saber porquê.

Na hora, Marina, dói. Mas pro resto da vida será sempre como a lua cheia que reflete seus segredos nas águas do mar.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.