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Chuvas

Não existem duas chuvas iguais. Podem até ser semelhantes, mas não são iguais. A quantidade de água pode ser a mesma, o tempo pode ser o mesmo, a hora pode ser a mesma, mas as chuvas são, no máximo semelhantes, iguais jamais.

Uma cai enviesada para cá, outra para lá, uma terceira cai reta e uma quarta tem mais raios do que as outras. É assim que funciona, aliás, exatamente como acontece com quase tudo, tirando os clones, na natureza. Não existe nada exatamente igual. A semelhança é a grande marca registrada do universo e a regra se aplica de galáxias a vírus, de bactérias a dinossauros, de seres humanos a seres humanos.

Pode mais quem chora menos. A regra não vale para as chuvas, ou vale, a chuva que pode mais é a mais forte, a mais constante ou a mais criadeira, cada uma tem seu ponto forte e vai usá-lo para puxar a brasa para sua sardinha. Tanto faz o que os outros achem.

Uma tempestade de verão entrando forte, puxada pela ventania que vem na frente, é um espetáculo alucinante, de uma beleza única, na força da natureza incontrolável varrendo o que fica no seu caminho, sem se preocupar com certo ou errado.

A chuva criadeira que cai constante por um longo tempo, regando a terra com a água essencial para as sementes e as raízes, tem a poesia da vida no cheiro da natureza molhada.

Uma garoa intermitente pode ser a marca de uma região, como já foi a marca de São Paulo, quando era a “terra da garoa”.

Chuva pode ser um bem ou não. Pode gerar vida e pode tirar vidas, pode criar e pode destruir. Na sua frequência, todas as chuvas têm suas particularidades, que podem trazer fartura ou desespero. Mas para o planeta tanto faz, a chuva é só um fenômeno natural.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.