A inflação corre solta
Parece os ventos que atravessam o Brasil nesta época do ano. Passa em cima dos salários e dos bicos com a sem cerimônia de quem sabe que está fora de controle e que ninguém irá controlá-la.
Como as tempestades de verão, destrói o valor do dinheiro e o poder de compra do cidadão.
Todo mundo sabe que a inflação está alta. O Banco Central já aumentou os juros, vai aumentar de novo, mas não há nada que indique que isso terá algum efeito, até porque a causa da inflação é outra e segurar a demanda não vai resolver, a demanda já está reprimida.
Os especialistas falam que este ano a vaca já foi pro brejo, que não tem muito para ser feito, exceto focar no ano que vem e aí, sim, tentar laçar a bicha e ver se conseguem trazê-la para o centro da meta.
Estamos todos de acordo, os que entendem e os que não entendem. É fato indiscutível que a inflação está correndo solta. A divergência não é da certeza do fato, mas do tamanho do buraco.
As estimativas oficiais dão conta de algo próximo de 10%. Não sei quais os parâmetros utilizados para chegar nessa conta, mas com certeza não está na visita aos supermercados.
Quem for a um supermercado vai descobrir que o buraco é maior e o lamaçal mais fundo. Qualquer comprinha de nada chega perto dos cem reais.
Um quilo de carne está perto dos cem reais. Meia dúzia de sabonetes e um shampoo estão próximos dos cem reais. E passar deles é fácil. Não precisa colocar muito mais coisa no carrinho, ou na cesta, porque carrinho muito pouca gente ainda consegue encher.
Como o salário-mínimo é bem menor que apenas os penduricalhos dos salários de legisladores e magistrados, para o povo está cada vez mais difícil e não tem nada que indique que vá melhorar.
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