Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Um inferno chamado helicóptero

Não tem dúvida, os helicópteros são uma mão na roda para quem pode ter um. Decolam e pousam praticamente em qualquer lugar, são ágeis, rápidos, não ficam presos em congestionamentos, não enfrentam as deficiências da CET, não são multados pelos marronzinhos, enfim, são a quase bem-aventurança em cima da terra.

Existem alguns problemas, mas quem não tem um lado B neste mundo? Os helicópteros são invenções humanas e, ainda que tendo avançado muito ao longo dos últimos cinquenta anos, ainda são capazes de fazer o que não devem, às vezes com consequências delicadas.

As máquinas estão muito mais seguras, confortáveis e confiáveis, o que é uma mão na roda como argumento de venda para quem pode comprar um. A maioria da população nunca vai entrar num helicóptero, imagine poder comprar! Não tem como, nem ninguém espera que isso aconteça. Os congestionamentos aéreos estão restritos ao trânsito dos aeroportos e não há nada que indique que instalarão semáforos no céu para organizar o tráfego de helicópteros, drones e outras maravilhas voadoras.

O lado feio da coisa, ou melhor, o lado ruim dos helicópteros não é para quem está dentro, mas para quem está fora, ou melhor, para quem mora ou trabalha debaixo de seus corredores ao longo da cidade.

Eu sei o que estou falando porque minha casa fica praticamente embaixo do corredor do Rio Pinheiros e aí é o inferno em cima da terra ao longo do dia.

Helicópteros de todos os tamanhos e modelos passam em cima do meu bairro, fazendo um barulho infernal, infernizando a vida de crianças, adolescentes e adultos com a sem cerimônia de quem se acha o tal e por isso pode fazer o que quiser. Meu único consolo é que um dia criarão rotas de helicópteros nos bairros dos que hoje voam em cima da minha casa.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.