Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

O rio Pinheiros antigamente

Dizem os mais antigos que o Rio Pinheiros corria por uma série de curvas, que retardavam seu curso, fazendo o rio rolar manso e calmo em direção ao Rio Tietê.

Aí resolveram mudar tudo. O Rio Pinheiros começou a ir e vir. Quer dizer, na Usina da Traição, ligavam bombas poderosas, que invertiam o curso do rio, jogando água na represa próxima de sua nascente, em vez de correr naturalmente em direção ao Tietê que o recebia, como recebe, perto do Cebolão.

Mas as mudanças foram além. De repente começaram a retificar o curso do rio, transformando o traçado sinuoso, que desde sempre balizava o caminho de suas águas, em longas retas no meio da várzea.

O rio mudou de velocidade. Com menos curvas, começou a correr mais rapidamente e a ser invertido mais rapidamente e o sistema de suas águas entrou num regime novo, que deveria trazer paz e felicidade para os moradores da cidade.

Confesso que não me lembro dessa época. Algumas fotografias mostram o rio com seu antigo curso e a data é posterior ao meu nascimento. Mas não me lembro.

O que eu me lembro é da construção das marginais, tanto do Pinheiros como do Tietê. Foi uma obra que levou vários anos, avançando pelas margens dos dois rios, abrindo novas alternativas para o trânsito.

Mas se tem algo que é lenda é a afirmação de que o Pinheiros no traçado antigo não inundava. Inundava e sempre inundou, tanto que, na época colonial, era proibido construir em suas várzeas para evitar as doenças transmitidas em decorrência de suas cheias. Para quem não sabe, as várzeas são planícies nas margens dos rios que servem de áreas de escape e por isso inundam para conter as grandes enchentes.

 

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.