Teus olhos
Serão teus olhos o espelho de tua alma?
Às vezes eles brilham com tal intensidade que todo o ouro do mundo, ainda que guardado num único lugar, não teria tanto brilho.
Eles cintilam como os diamantes das coroas dos reis. Faíscam pensamentos rápidos que os deixam alegres como os olhos das crianças quando descobrem algum segredo do mundo – o gosto dum sorvete, uma brincadeira nova, um jeito diferente de assobiar.
Teus olhos assobiam a música da vida. Entre seus tons que em função do momento quase mudam de cor, teus olhos cantam a alegria de você estar viva e de poder andar pela terra, repartindo instantes que tua presença faz belos, e lembram o beija-flor que surge rápido, encanta e desaparece.
Tua presença tem a meiga constância de quem sabe mais do que aparenta e que por isso sabe que o importante é repartir, fazer de cada gesto uma soma que melhore o dia, que gere uma palavra boa, ou o esboço de um sorriso.
Teus olhos, quando sorriem, trazem a certeza da primavera na alegria que te ilumina. Teu rosto se abre como um dia de sol, com o céu infinitamente azul.
Mas quando eles se toldam, quando uma nuvem triste os deixa baços, com uma lágrima no lugar do brilho, é como se a fantasia deixasse a terra, engolida por uma bruxa má que não gosta das cores da natureza, nem do riso, nem do canto dos pássaros.
Teus olhos, às vezes ficam sérios e é como se a vida se fizesse séria, pensando nos espinhos e nas pedras que machucam ao longo da estrada.
Nestes momentos eles falam dos medos que você já sentiu e que viver pode ser duro.
Depois, de novo eles brilham, reencontrando a graça da vida e a vida se faz de novo alegre, aberta e franca como as estrelas numa noite sem nuvens.
Teu olhos, teus olhos são a essência de tua alma.
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