Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Sossego, ora o sossego

Barulho e cidade em movimento são parceiros na longa história do desenvolvimento urbano, aqui ou em qualquer outro lugar do mundo. A diferença é que aqui o barulho não tem hora, enquanto nos países desenvolvidos o barulho é regulamentado e ninguém se propõe a fazer barulho fora da hora permitida.

Aliás, nos países desenvolvidos a coisa vai mais longe. Na Alemanha, há quarenta anos, os moradores já tinham direito ao sol. Não era permitido construir de forma a tirar o sol que batia nos edifícios existentes.

Imagine isso no Brasil. É olhar o que fizeram na praia de Camboriú, em Santa Catarina, para ver que o brasileiro pouco se lixa para o vizinho, até quando a vítima é uma praia, que, em teoria, pelo menos, deveria ter sol para fazer sentido para os banhistas.

Tem gente reclamando do barulho feito pelas obras do metrô na região da Pompéia. Estão absolutamente certos. Não tem cabimento a obra ser de interesse público para justificar fazer barulho 24 horas por dia, especialmente de noite ou nos finais de semana.

Todo mundo tem direito ao silêncio e à paz. Até quando isso é quase impossível, como é caso de uma cidade como São Paulo, onde os barulhos do trânsito e do tráfego aéreo infernizam a vida das pessoas.

Quem mora embaixo dos corredores dos helicópteros sabe o que isso quer dizer, mas não tem helicóptero de noite, então, dá para dormir relativamente em paz.

Já perto das obras de engenharia, invariavelmente aceleradas porque tempo é dinheiro, a coisa é bem diferente. O barulho não respeita dia ou noite, segue em frente no ritmo necessário para a obra ficar pronta.

É quase tão infernal quanto alto-falante de templo de periferia. Coitados dos vizinhos! No domingo acordam mais cedo que nos dias de semana!

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.