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Perpétuo Socorro

A igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é dessas igrejas que a gente conhece desde que nasceu e por isso entrar nela é como entrar na casa de um parente querido, o qual, pelas voltas da vida, se fica um tempo sem ver.

Igreja típica de bairro de classe média, ela não é uma igreja rica como Nossa Senhora do Brasil. Não, ela está muito mais para igreja São José, mais discreta e menos enfeitada, se bem que a praça da igreja Perpétuo Socorro é muito mais bonita do que da igreja da Rua Áustria.

Perpétuo Socorro é igreja de casamento e de missa de sétimo dia, quer dizer é igreja de família de vida de família, o que lhe dá um calor todo especial e que ela devolve recebendo bem quem entra nela.

Tem igrejas que, quando a gente entra, não inspiram nada, nenhuma sensação, nenhum sentimento bom, como se estarmos ou não dentro de uma casa de Deus não tivesse a menor importância, nem significasse mais do que o cumprimento de uma obrigação social.

Esta sensação varia de pessoa para pessoa e de igreja para igreja. Para mim, a igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, toda decorada, com as paredes altas pintadas, é das igrejas quentes, onde é bom entrar e onde eu consigo falar com Deus.

Localizada no fundo de uma praça arborizada com figueiras, cercada de casas ainda protegidas pela lei do Zoneamento, mesmo perto da Avenida Faria Lima, ela passa um quê de São Paulo de outro tempo, uma atmosfera de cidade do interior.

E é bom sentir esse clima, ainda que a nossa ida até a igreja seja por uma razão triste, como são as missas de sétimo dia.

Para completar, não sei porquê razão, os padres que celebram missa na igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro costumam ser melhores do que boa parte dos padres em ação em São Paulo, de quem somos obrigados a ouvir as maiores barbaridades por conta do rito da missa.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.