O Butantã em 1913
Meu amigo Cajé me enviou um mapa do Butantã feito em 1913, quando a região era praticamente deserta e por isso o governo do Estado comprou uma grande fazenda para instalar o Instituto de Pesquisas, que fazia vacinas para combater as epidemias que sistematicamente varriam São Paulo, além de desenvolver o soro antiofídico, tão importante para um país onde boa parte dos trabalhadores rurais andava descalça ou com botina baixa, deixando a perna desprotegida contra as picadas das cobras que ainda povoam nosso interior.
É aí que entra Vital Brazil, o grande cientista que dá nome a uma das mais importantes avenidas do bairro, e que leva justamente ao portão de entrada do Instituto Butantan, o extraordinário centro de pesquisas e fábrica de vacinas internacionalmente conhecido e respeitado.
Em 1913, São Paulo não era remotamente parecida com a metrópole atual. Já dava os primeiros passos na direção do progresso impressionante que a fez a cidade que mais crescia no mundo em boa parte do século 20, mas ainda estava longe do primeiro milhão de habitantes.
Ver o mapa do Cajé é entender um pouco o que aconteceu com a região. Nele, o rio Pinheiro ainda tem seu leito original, as margens são enormes pântanos, que na época colonial não podiam se habitados para evitar a transmissão das doenças e miasmas, que os habitantes da então Vila de São Paulo acreditavam que tinham origem nos mosquitos que proliferavam nas águas estagnadas.
Do outro lado do rio, Pinheiros é um pequeno bairro, composto praticamente apenas pelos entornos do Largo, ligado ao Centro já pelas ruas Cardoso de Almeida e Cardeal Arcoverde.
O mapa é uma viagem no tempo e uma aula de história, que faz pensar em como as cidades se formam e como também já foram. Obrigado Cajé.
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