Os ipês floridos
Os ipês roxos estão floridos. E estão deslumbrantes! Eu sei que os botânicos vão explicar a florada com dezenas ou centenas de fatos científicos que expõem, com toda sua crueza, a natureza da matéria e a temporalidade das flores, abertas com o fim de preservar a espécie, garantindo a polinização, a felicidade das abelhas e a perpetuação dos ipês.
É bonito conhecer a história das plantas, da mesma forma que é bonito conhecer todas as histórias de cada ser, cada matéria ou antimatéria existente no universo. É bonito conhecer a história do universo e saber que ele não é infinito nem eterno. Que teve começo e que terá fim. Que a eternidade é atributo de Deus, apesar desse atributo ser relativo porque sem o ser humano sua ideia fica sem sentido.
Os ipês estão floridos. Há todo um lado desconhecido da ciência e é ele que explica a florada dos ipês acontecer da forma como acontece, como se espalha, como atrai os pássaros e alimenta a fome das abelhas.
Como a forma das flores se abre em cachos que balançam ao vento, este mais e aquele menos, apesar do vento soprar com a mesma intensidade sobre todos eles.
A florada dos ipês fala de menos água, de menos chuva, de mais frio, de ter ou não ter seja lá o que for. Também pode ser o contrário.
A florada dos ipês fala de tudo, mas não gosta de política, nem tem lado, só tem vergonha das barbaridades que deixam mais feio o cenário brasileiro. Tem vergonha da vergonha que as pessoas de bem sentem vendo a sandice tomar conta das pessoas.
A florada dos ipês acredita que a vida pode ser bela, que o bem é um direito e que a felicidade pode ser alcançada. A felicidade dos ipês é florir como um gesto de paz, de entrega e de compaixão da natureza. A felicidade dos ipês é muito mais do que enfeitar a cidade.
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