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As cerejeiras da USP

As cerejeiras são as árvores símbolo do Japão. Quando floridas, são árvores impressionantes, pela beleza das flores e pela quantidade delas que cobre os galhos, num bailado deslumbrante com o vento.

As cerejeiras da USP estão floridas. Longe de se compararem aos jardins japoneses ou à monumental Avenida de Washington, toda plantada com cerejeiras nas suas calçadas, as cerejeiras da USP, meia dúzia de árvores, singelas, fazem sua parte na festa e, se não conseguem desbancar os ipês espalhados pela cidade, mostram que, além deles, existem outras plantas capazes de enfeitar a vida com a maravilha de suas flores.

As cerejeiras da USP estão plantadas próximas, ou melhor, ao lado, do monumento comemorativo da visita do imperador japonês. Não tenho certeza, mas gosto de imaginar que elas foram um presente trazido por ele para comemorar as estreitas relações entre o Japão e o Brasil, calcadas na imigração japonesa, iniciada no começo do século 20 e que resultou numa rica e próspera descendência de brasileiros com olhos orientais.

As cerejeiras sabem que seu papel é diplomático, que cabe a elas manter viva a lembrança da visita do imperador, ainda que tendo acontecido décadas atrás.

Tanto faz, as cerejeiras têm noção de dever, sabem o que esperam delas e que, ainda que sendo poucas, sua missão é enfeitar um canto da Cidade Universitária em honra da memória de uma visita amiga.

Mas, fazendo isso, as cerejeiras da USP vão além. Elas enfeitam o jardim e alegram os olhos de quem passa pelo pedaço.

A missão natural de uma planta é ser planta, florir, dar frutos e preservar a espécie. Mas as cerejeiras da USP, mesmo sem querer, vão além disso, elas deixam o dia mais bonito.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.