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A antevéspera

Dia 9 de julho a Revolução de 1932 completa 90 anos. História mal contada, o que aconteceu de fato é pouco conhecido em São Paulo e foi apagado no resto do Brasil. Num certo sentido, genialidade do Governo Vargas, que, distorcendo e depois apagando a Revolução, impediu que comparações desagradáveis fossem feitas, que outros sonhos se materializassem, que outra realidade fosse colocada na frente de um Brasil que tinha tudo para sair do buraco da mediocridade.

Tinha tudo, menos a competência de colocar no lugar certo as pessoas certas. E a situação, com o passar das décadas, se agravou, confirmando a velha máxima colonial: “meu sucessor me fará grande!”
Nada é mais triste do que ver a polarização estúpida que tomou conta do Brasil de hoje, mas fica ainda mais triste se comparar o que corre solto com os ideais de nação que fizeram os paulistas pegarem em armas e desafiarem o país inteiro, para criar um país mais rico, mais moderno e mais justo.

1932 vai muito além da exigência de uma Constituição. No centro do movimento estava o progresso do Estado e a mudança de patamar na qualidade de vida do paulista.

Estava em jogo a criação de um padrão ético completamente diferente, longe do que hoje corre solto pelos corredores do poder, a favor e contra. Hoje, pode mais quem tem menos moral, quem tem menos freios éticos, quem sabe que o céu é o limite, desde que venda a alma para o diabo e que depois não entregue.

Em 1932, São Paulo tentou e não conseguiu mudar a política nacional, criar novos padrões, implantar novos valores. Não deu. Perdemos a guerra e o Brasil seguiu em frente, ladeira abaixo, com alguns momentos fora da curva para parecer que dava. Pena que ainda não deu…

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.