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Quatro anos sem Paulo Bonfim

Faz quatro anos, hoje, que o poeta Paulo Bomfim embarcou no grande canoão para a última monção rumo à eternidade.

Depois de conhecer o Peabiru e o Iguatemi, o poeta foi se encontrar com seus antepassados que não retornaram do sertão.

Faz quatro anos que o menino que não aprendeu a crescer galopa pelos pastos da Fazenda Himalaia plasmada no céu, ouvindo os urros das onças na mata no morro em frente da sede.

Faz quatro anos, hoje, que meu amigo de todos os dias, meu parceiro e companheiro de histórias e aventuras, decidiu que era hora de sair de cena, ainda como o grande poeta cuja maior poesia era ele mesmo.

Sair de cena é uma arte. Saber que o jogo acabou, que é hora de dobrar o uniforme e voltar para casa é muito difícil. As pessoas tentam adiar o inadiável, retardar o último momento, não passar a bola para os que vêm depois, como se fosse possível e não apenas patético.

Paulo Bomfim não tinha medo da morte, tinha medo de perder a dignidade no derradeiro instante.
Faz quatro anos, hoje, que Paulo Bomfim saiu desta vida com a dignidade possível, na UTI em que estava confinado. Ele sabia que era sua hora e embarcou no canoão para o nunca mais, pronto para a derradeira viagem com a mesma coragem de seus antepassados largando de Porto Feliz rumo ao sertão de Cuiabá.

Faz quatro anos, hoje, mas bate no peito todo dia. A ausência do poeta não é medida em minutos e horas, é vivida diariamente na falta do amigo, no silêncio do confidente, nos almoços de segunda feira que não acontecem mais. Nas histórias que se calam no silêncio do tempo, no brilho dos olhos e no sorriso que a eternidade levou. Ah, Paulo, percorrer os Peabirus da vida sem você não é a mesma coisa. Você faz muita falta!

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.