O brasileiro é do bem
Inverno, frio, noites duras no vento que corre pelas ruas. Mais de trinta mil pessoas moram nas ruas, estão em condição de alta vulnerabilidade, à mercê do que a natureza traz, sem aviso, sem fazer perguntas, sem pena de quem não tem como se proteger atrás de uma parede sólida, dormindo numa cama gostosa, aquecida por cobertores grossos.
É aí que surge a solidariedade. Milhares de pessoas se mobilizam, se organizam, uns mais, outros menos, para fazer frente à inclemência do tempo e auxiliar quem precisa, quem está nas ruas, sem outro lugar para se esconder do frio.
Um amigo diz que os ipês estão floridos para mostrar pra cidade a situação desses milhares de brasileiros e para homenagear os que querem ajudar.
Tem quem doe roupas, quem prepare comida, quem corte cabelo e dê banho, quem fornece assistência médica e medicamentos, quem fica na retaguarda, fazendo o impossível para o auxílio chegar.
Organizações formais e gente que sai de casa, em grupos ou sozinhas, para fazer o pouco que cada um pode fazer ou o muito que as organizações bem estruturadas podem oferecer.
Pode mais o povo que na dificuldade se protege, que se ajuda, que dá de si em favor do próximo. “A união faz a força” não é frase de efeito, é certeza de um resultado melhor, de que mais será feito, em favor de quem depende da ajuda do próximo para ter o mínimo para enfrentar a vida nas ruas.
O país está de ponta cabeça. O Brasil está completamente subvertido, as desigualdades nunca foram tão grandes e a insensibilidade dos políticos tão evidente.
Ainda bem que o brasileiro é basicamente bom e se preocupa com o próximo. Não fosse isso, o inverno seria muito mais cruel.
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