A boçalidade ao alcance de todos

O brutal assassinato do ex-premiê japonês, Shinzo Abe, é o retrato mais simples e claro do grau de boçalidade que permeia a humanidade.

O fenômeno é mundial. A estupidez corre solta em todos os países e vai do mais poderoso ao mais fraco com a sem cerimônia de quem sabe que já ganhou o jogo, que as cartas estão marcadas e o resultado é certo.

Pode mais quem chora menos, ou quem não tem medo, nem vergonha de atirar. Tanto faz quem vai morrer, tanto faz quantos vão morrer, o importante é mostrar como o cidadão é poderoso com um fuzil de assalto na mão diante de alguém desarmado.

A covardia é tão grande que as ações são praticadas escondidas e os tiros e facadas dados pelas costas, mostrando o estofo de que esses energúmenos são feitos.

Dá quase vontade de dizer “vá se meter numa guerra e mostrar que você é corajoso com uma metralhadora apontada para o seu peito”.

Mas aí vem a lembrança da brutalidade e da insensatez da guerra da Ucrânia e só resta ficar quieto, triste, com a morte de milhares de pessoas que não têm nada com isso, mas que o senhor Putin acha que pode matar.

E eu penso no jornalista e no sertanista assassinados na Amazônia.

E penso nas mulheres assassinadas todos os dias por homens completamente alucinados, que acham que podem tudo e fazem o que querem em nome da legítima defesa da honra.

E penso na juíza e na promotora de justiça que, ao invés de cumprir a lei, tentaram obrigar uma criança de onze anos a levar uma gestação decorrente de estupro até o fim. E penso no bolsonarista matando o petista.

As coisas vão mal em todas as partes. Não tem o que fazer. Quando os líderes são incapazes de liderar e ainda por cima dão o mal exemplo, até o Japão pode assistir a uma cena como o assassinato de Shinzo Abe.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.