Não podia dar certo
Acabei de ler “Revolução Paulista de 1932 – A História de um Combatente”, de Paulo Cunha Cintra, voluntário que serviu na tropa revolucionária, na região da Serra da Mantiqueira e Vale do Paraíba.
O autor escreveu o livro a pedido dos netos, então é uma narrativa mais recente do que boa parte dos livros sobre a Revolução de 1932, escritos por soldados paulistas. O impressionante é que praticamente não há diferença entre as narrativas feitas logo depois da luta e a mais nova.
Em todas se sente a vibração patriótica dos jovens paulistas que, sem treino ou qualquer conhecimento militar, mal armados, mal equipados, mas, sobretudo, mal comandados, durante três meses, colocaram suas vidas em risco, em nome dos ideais que levaram a população de São Paulo a se levantar contra a ditadura instalada no país depois da Revolução de 1930.
Como na maioria dos livros escritos por ex-combatentes, a narrativa é, antes de tudo, frustrante. Durante toda a revolução, a tropa que ele integrava não entrou em combate uma única vez. Não participou de nenhuma escaramuça, não disparou suas armas contra o inimigo, não sentiu o arrepio e o medo do combate próximo e da possibilidade de morrer.
Ao contrário, o que se vê é um vai e vem sem lógica, sem sentido, com o comando fraco determinando ações inúteis, enquanto as tropas federais avançavam pelo Estado de São Paulo, bem armadas, mas também comandadas sem muita eficiência, todavia, suficiente para derrotar os paulistas nos poucos combates que efetivamente aconteceram.
São Paulo não podia ganhar a guerra. Se houve heroísmo de jovens idealistas, em muitas ocasiões faltou comprometimento dos comandantes com a tropa. Faltou competência, estratégia, tática e, acima de tudo, lealdade a São Paulo. O que fica claro nessas leituras é a vontade de lutar derrotada pela falta de competência e objetividade dos comandantes.
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