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Araucárias paulistas

As araucárias, hoje em dia, são árvores típicas do Paraná. É lá que elas sobrevivem em melhores condições, apesar de suas florestas terem sido intensamente exploradas ao longo do tempo.

É nelas que a gralha azul coleciona suas bolotas e rende lendas, folclore e músicas, enriquecendo as tradições do estado, marcado pela árvore que, junto com a gralha, é seu símbolo.

Mas as araucárias não são exclusividade do Paraná. Quem prestar atenção na árvore símbolo da Companhia Melhoramentos verá que o pinheiro é uma araucária.

Da mesma forma, o bairro de Pinheiros não tem esse nome porque plantaram árvores de Natal em seu entorno. Não, a região já abrigou uma grande floresta de pinheiros e esses pinheiros eram araucárias, que cobriam boa parte das áreas em volta do rio Pinheiros, provavelmente no passado rio dos Pinheiros, os mesmos que deram nome ao bairro.

As araucárias cobriam enormes áreas do Estado de São Paulo. Paulo Nogueira Neto, o grande ambientalista, contava que, quando era menino, Campos do Jordão era uma grande floresta de araucárias, que se estendia pela Serra da Mantiqueira e chegava em Espírito Santo do Pinhal e São João da Boa Vista.

Aliás, a qualificação de Pinhal tem origem exatamente na árvore que cobria parte do município, as araucárias, que hoje são raras naquele pedaço de serra.

O que levou ao fim das araucárias no Estado de São Paulo? A ação humana. O desmatamento e o corte sem critério dos pinheiros espalhados pelo estado cobraram seu preço. Pode mais quem chora menos. Aqui as araucárias tiveram pouca chance. E replantá-las é complicado. Dificilmente nossos netos verão florestas de Pinheiros perto de São Paulo.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.